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Avós modernas e participativas

ter, 29/04/2014 - 09:33 -- Leila Pinho
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Foto Gianini Coelho
família da jô queiroz de macaé

Aquela imagem da avó que paparica e mima os netos, faz todas as vontades deles e acaba atrapalhando um pouco na educação das crianças ficou ultrapassada. Assim como o estereótipo da pacata senhora de óculos que passa o tempo livre fazendo tricô. Que nada! As avós estão modernas, atualizadas com as mudanças dos tempos e cada vez mais presentes na vida das gerações que vem à frente.

De acordo com dados de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros é de 74,6 anos. Se comparado a 2002, quando a expectativa era de 71, houve aumento de mais de 3 anos. Isso, mostra que as pessoas estão vivendo mais e tendo a oportunidade de conviver com os netos e até mesmo com os bisnetos e trinetos.

 

Luiza tem uma trisavó

 

É raro encontrar uma trisavó, mas não é impossível. Em Macaé, 80 anos separam as duas pontas da mesma família. A mais madura, Ilda Soares de Queiroz, de 90 anos, é trisavó da bela Luiza Pereira Santos, de 10 anos. “Quando conto para os meus colegas que tenho trisavó fica todo mundo impressionado. Geralmente, as avós deles são mais velhas do que a minha trisavó. Eu gosto muito de todas: da minha avó, da ‘bisa’ e da trisavó. Elas são muito carinhosas comigo”, diz a menina.

O que possibilitou a Luiza ter uma trisavó foi uma incrível coincidência entre as mulheres da família dela, todas casaram muito jovens e tiveram filhos bem cedo. Lis de Queiroz Soares Pereira foi mãe de Luiza aos 17 anos. Jozimar de Queiroz Soares Pereira, mais conhecida em Macaé como Jô Queiroz, foi mãe aos 16 e avó aos 36. Ildeir Queiroz Soares foi mãe aos 18, avó aos 36 e bisavó aos 55. Já Ilda foi mãe aos 20, avó aos 34, bisavó aos 60 e trisavó aos 74.

Ilda surpreende pela vitalidade, energia e lucidez. Ela lê sem óculos, mora sozinha, faz compras de todo tipo por telefone e não vive sem o celular. “Eu tiro foto e uso muito o celular para fazer supermercado, comprar remédio e essas outras coisas, e leio todo dia”, revela Ilda. A relação entre avós, bisavós, trisavós e seus netos também é algo novo para a matriarca. A própria Ilda quase não teve contato com suas avós. Ela se recorda de ter visto a avó uma única vez na vida. Para ela, os momentos passados juntos com suas descendentes são maravilhosos. “Eu sinto um amor muito grande por elas. Se eu ficar muito tempo sem vê-las, até choro. Procuro ensinar que devemos ter muito amor umas com as outras, falar sempre a verdade e amar primeiro a Deus.”

Jô Queiroz diz que o sentimento maternal e de cuidado é uma característica muito forte na família. “As mulheres da nossa família viveram a maternidade muito cedo e isso fez com que nós nos ajudássemos, compartilhando as coisas e passando referências”, reflete Jô. Nas datas comemorativas como natal, fim de ano, nas reuniões em família e nos almoços de domingo, o clima é sempre alegre e de muita interação. “Geralmente, nos reunimos na casa de mamãe (Ildeir). Nós falamos muito, então é uma falação só (risos). Nós ouvimos música, dançamos, contamos piada e a vovó (Ilda) fala coisas do meu avô, dos tios... É muito legal”, relata Jô.

Compartilhar vivências de diferentes visões de mundo e fazer trocas, uma hora ensinando e na outra aprendendo, são experimentadas pelas cinco gerações de mulheres desta família. Quando o assunto é tecnologia, Ildeir vira aluna da bisneta Luiza e no universo da culinária, Ildeir se torna a professora. “Essas coisas de internet e de celular, a Luiza sabe melhor do que eu. Ela me ajuda muito a mexer no computador. Eu tenho até face (facebook). É o maior barato. E nos domingos, eu passo algumas coisas de cozinha pra ela. Ela adora ir pra cozinha ajudar a gente, então eu ensino a cortar tempero e cascar legumes”, fala Ildeir.

Para Lis, o maior benefício de ter avó e bisavó vem dos ensinamentos. “A maneira que elas passam a experiência faz com que eu me sinta mais segura. Pra mim é maravilhoso conviver com elas. Minha bisavó (Ilda) me emociona, às vezes. Ela tem uma cabeça boa, é inteligente, atualizada e me toca com as coisas que fala. Para a Luiza, isso tudo é muito bom porque ela tem um referencial de estrutura familiar”, conta Lis.


Pilar é avó participativa

Foto Gianini Coelho

família de dona pilar da barilocheEm grande parte das famílias, as avós maternas são mais próximas dos netos. Na família González, uma simpática espanhola de 74 anos quebrou a regra. Pilar González Corral, mais conhecida como Pilar da Bariloche — nome da extinta fábrica têxtil de Macaé, da qual seu marido Martin Corral Gutierrez foi sócio — é avó, por parte de pai, de seis netos. A família toda vive em Macaé. Pilar tem três filhos: Henrique, pai de Vitória e de Pedro; Gonçalo, pai de Bruna e de Gabriel; e Rodrigo, pai de Sofia e de Alice.

Muito dinâmica, Pilar participa ativamente da vida dos netos. Como ela mora no centro da cidade e os filhos em um bairro mais distante, a casa da espanhola acaba servindo como ponto de apoio para todos. Muitas vezes, fica difícil para os pais buscarem os filhos no colégio. Então, a vovó Pilar não mede esforços para executar essa função. Ela leva as crianças para a escola, busca na natação ou no basquete, está disponível para ajudar no deslocamento entre uma atividade e outra e tem sempre a mesa posta para servir o almoço dos netos. “A minha casa tem sempre algum neto ou algum filho. Eu vejo que os pais hoje estão super ocupados, têm compromissos de trabalho e os avós acabam ajudando se dedicando aos netos”, diz.

Pilar confessa mimar, um pouco, os netos. Mas ela também impõe limites, ajudando a educá-los sem desautorizar os pais. Pedro Henrique Prata Corral, de 10 anos, relata que a avó é carinhosa com todos. “Ela é muito atenciosa. Conversa com a gente sobre tudo e compreende o que falamos. Mas ela não é aquela vó que deixa a gente fazer tudo, não. Ela tem regras. Vovó até me ajuda no dever. Ela é crânio na matemática”, fala Pedro Henrique.

Foto Gianini Coelho

dona pilar com os netos na hora do almoçoPilar se faz muito presente na vida de toda a família. Está sempre promovendo almoços para reunir todos, vê os familiares com frequência e visita os filhos, periodicamente. “Amo demais todos eles, meus filhos, minhas noras e meus netos. Meus netinhos são muito ligados a mim.” A neta mais velha, Vitória Prata Corral, 17 anos, vê na avó uma amiga. “Desde que nasci ela faz parte da minha vida. Nós nos vemos praticamente todos os dias. Ela me compreende muito. Se pudesse, faria ela ser eterna”,  diz Vitória. “Eu dou importância para as pequenas coisas. Nós, avós, estamos para as pequenas coisas. Faço alguns caprichos, passeio com eles e não deixo de ensinar bons hábitos e passar valores. Acho que é um dom de Deus desfrutar dos netos”, opina Pilar.

Ciente de seu papel, Pilar, Jô, Ildeir, Ilda e tantas outras avós agem com generosidade quando compartilham experiências com os netos e, humildade, quando se abrem para aprender. Essa intensa troca do relacionamento entre avós e netos faz reforçar os laços de confiança, amor e união familiar.

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