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Parceria, a moeda contra a crise

sex, 22/04/2016 - 07:20 -- Fernanda Pinheiro
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Créditos: 
Alle Tavares
aperto de mão entre empresários de Macaé

Um pescador, quando precisava de alguns grãos para alimentar sua família, pegava alguns peixes que havia pescado além do que iria consumir e trocava com um vizinho.  O mesmo acontecia com o ferreiro, que produzia algumas ferramentas e as trocava por lã das ovelhas de um pastor. O escambo existe desde o início da era social, quando o Ser Humano passa a perceber que pode conseguir coisas das quais precisa, desde que “escoe” sua produção. Ou seja, o pescador troca seus peixes, o pastor, a lã de suas ovelhas e o ferreiro, suas ferramentas. Todos recebem em troca o que desejam. Até a palavra salário, que vem do latim, representa uma troca: pagamento em sal. Forma de remuneração dos soldados. Na antiguidade, antes da moeda, o comércio nasceu e cresceu desta maneira.

Em tempos de crise, entretanto, o homem moderno vem percebendo que o escambo, ou permuta, continua sendo a grande ‘carta na manga’ das empresas para resistir a um mercado desaquecido. A troca direta, transação ou parceria, no qual cada uma das partes entrega um bem ou presta um serviço para receber em retorno outro bem, serviço ou crédito para futuras negociações, sem que envolva dinheiro ou qualquer outra aplicação monetária, é mais do que viável para aqueles que não querem - ou não podem - mexer em seu capital de giro. Aproveitar o estoque existente para comprar algo que seja necessário é uma forma interessante de negociação, inclusive no e-commerce.

“Macaé está sentido esta crise econômica de forma intensa, principalmente devido à forte dependência do setor petrolífero. As empresas ligadas a esse setor estão sofrendo devido à diminuição do volume e do valor das contratações. O comércio sofre por causa da diminuição da renda governamental disponível, devido à queda dos royalties e à diminuição da massa salarial, por causa do desemprego. Neste cenário de crise, as parcerias entre as empresas vêm ganhando força na região, pois o que os empresários buscam neste momento é diminuir os custos fixos de sua folha de pagamento. Existem empresas que, inclusive, estão dividindo espaço físico e equipamentos. Outras pararam de ter equipe própria, devido à escassez de contratos na área de Petróleo e Gás. Quando aparece um contrato, ela aciona a equipe de uma empresa parceira, que com certeza terá parte de seus funcionários sem muito trabalho”, explica o economista Glauco Nader, consultor do Sebrae.

home theater da Italínea

Nos meios virtuais, as permutas vêm crescendo de forma impressionante. Hoje, as empresas trocam serviços em sites de negociação e até mesmo em redes sociais.  Ou seja, o usuário, seja pessoa física ou jurídica, pode oferecer um produto de seu estoque em troca de outra mercadoria, e utilizar o material ou créditos adquiridos em outra negociação.  As lojas online têm, ainda, a possibilidade de trocar produtos por moedas virtuais em redes sociais, a serem utilizadas para a compra de outros produtos. São diversas as possibilidades de negociações sem a utilização de dinheiro. Ideal para quem está com estoque cheio ou com orçamento apertado. Basta saber fazê-las adequadamente, com as lojas certas, adquirindo itens de real necessidade.  “Para manter clientes e conquistar novos, por vezes, é necessário inovar em ações que focam na parceria e no bom relacionamento. Quando Macaé estava com o mercado superaquecido, os empresários nem se davam ao trabalho de pensar em permutas e parcerias entre empresas. Era mais fácil comprar o que buscavam. Agora, todos estão percebendo que juntando forças, a crise fica mais amena”, explica o empresário Rodrigo Arenales.

Há 12 anos em Macaé e proprietário de quatro lojas Italínea na região, Rodrigo fez como o sábio pescador da antiguidade, resolveu sugerir uma troca de produto e serviço a um outro empresário, Anílson Araújo Júnior. “Minha expertise tem cerca de 16 anos na cidade, no setor de informática. Hoje, sou proprietário da Mega Micro, onde prestamos serviços de manutenção diferenciada de hardware, shop service, recuperação de dados, entre outras coisas. Fui eu quem vendeu todas as máquinas e criou a rede interna da primeira loja do Rodrigo aqui em Macaé. Este ano, eu e o Rodrigo resolvemos criar um projeto de parceria entre nossas empresas”, comenta Anílson.

Na prática, a parceria funcionou assim: Rodrigo cedeu todos os móveis para a criação de um home office de demonstração de equipamentos de primeira linha dentro da loja de Anílson, na Mega Micro. Em troca, Rodrigo contou com um home de última geração em uma de suas lojas Italínea.

“Aproveitamos para expor nossa coleção 2016, na cor fendi com lacca capuccino, uma porta de vidro reflecta com acabamento nos dois lados e escura para quem olha de fora, sofás reclináveis com sistema lect plet. Em contrapartida, ganhei aqui na loja uma tela elétrica  automática de 120 polegadas com projetor embutido no teto, um conjunto de caixas 5.1 da JBL embutidas no teto e receive harman, com controle de todo o sistema”, completa Rodrigo.

robson da rbureau macaé

“Na Mega Micro, conto com todos os móveis da Italínea, inclusive na home setup, ou sala de cinema, uma sala onde são passados clipes e filmes para que os clientes conheçam a potência dos equipamentos em exposição. Ofereço o conforto de um sofá reclinável e macio, além da beleza dos móveis sob medida. Nossa busca final foi por viabilidade, para ambos os lados”, complementa Anílson. Os dois empresários contam que fizeram uma economia de cerca de 30 mil reais com o chamado escambo moderno. Nada mal, em tempos de ‘vacas magras’.

Robson Castro Pinheiro da Costa é dono da RBureau Impressões Digitais há 4 anos. Na área de impressão digital e comunicação visual, tem como clientes grandes empresas como Schlumberger, CVC, Expro, Integrar, Âmbar e Devassa. Com uma equipe de cinco funcionários, se diz fortemente impactado pela crise. “Tivemos de nos reinventar, pois os serviços offshore, que demandavam 80% do total de nossa produção, caiu muito. Houve, praticamente, 60% de queda dos negócios relacionados à empresas offshore. Por conta disso, a RBureau teve que mudar o foco de seus serviços, passamos a atender o comércio, criar projetos de decorações internas com adesivação de paredes, por exemplo. Foi neste cenário que as permutas dentro de nossa empresa começaram a acontecer. Sempre que um cliente precisa de algo nosso e seu produto é algo que necessitamos diariamente, realizamos o chamado escambo moderno. É sim uma troca que fortalece as relações comerciais e cria vínculos de parcerias duradouras”, explica Robson.

Normalmente, as empresas de mídia e de divulgação, como rádios, jornais, revistas e outdoor, são muito procuradas pelo mercado para este tipo de parceria, pois nesses tempos difíceis, há uma necessidade maior de divulgação das empresas para aumentar suas vendas e atingir assim uma fatia maior do mercado consumidor. É o que acontece entre as empresas Ilha Mídias e Dafel Offshore. Para o publicitário Luciano Pacheco de Sousa, proprietário da Ilha Mídias, empresa que comercializa pontos de outdoor na cidade, a dependência do mercado de petróleo e a falta de diversificação em outras áreas fez com que Macaé sentisse muito a crise atual. “Surgiu a necessidade de baixar custos. Começamos a mapear no mercado empresas que tinham algum tipo de serviço ou produto relacionado com nossa necessidade e foi aí que fizemos contato com a Dafel. Como eles vendem produtos do nosso interesse, entramos em contato e sugerimos a parceria comercial, que está cada vez mais sólida e acho que, quando as empresas começam a praticar este modelo de negócio, acabam se aproximando mais, deve ser por terem o mesmo objetivo”, complementa Luciano.

renata da dafel e luciano da Ilha MídiasPara Renata Fonseca, gerente geral da Dafel Offshore, unidade Macaé, a parceria com Luciano tem sido muito proveitosa e oportuna. “Começamos a fazer a divulgação com a Ilha Mídias há uns quatro anos. Com o passar do tempo, percebemos que poderíamos começar uma parceria em materiais e serviços. Deu certo! Atualmente, tenho visto várias empresas agindo desta forma. Conseguimos minimizar custos e manter a divulgação da nossa marca”, pontua Renata.

Algumas iniciativas na cidade estão unindo forças  para mobilizar empresas a se relacionarem para fazer negócios entre si. Gestores de empresas de vários segmentos estão se comunicando, por meio das redes sociais, para encontrar alternativas que sejam capazes de auxiliar a todos neste momento dífícil. Foi o que aconteceu com o diretor comercial da Central de Aços, João Guilherme Faria. Ele acabou reunindo, virtualmente, um grupo de empresários de vários segmentos da indústria, comércio e serviços de Macaé para discutir sobre negócios e estimular parcerias e permutas entre as empresas da região.

reunião de empresários em Macaé“Assim que essa instabilidade econômica se instalou no Brasil, comecei a observar uma insatisfação no ramo empresarial local e acabei criando esse grupo no WhatsApp. Nos reunimos informalmente, trocamos cartões e conhecimento. Sempre publicamos informativos da ACIM, ONIP, do Sebrae, Rede Petro e de interesse do ambiente de negócios na cidade. Foi um canal que criamos para aqueles que não têm acesso a essas organizações, que detêm informações sobre assuntos relevantes. Os participantes também podem divulgar seus negócios entre os empresários do grupo e indicar novos integrantes, criando uma rede de conexões entre todos e isso não para de crescer. Para um bom funcionamento do grupo, criamos normas de boa conduta dentro desse canal virtual, onde a ideia é somar e multiplicar. Não é permitido falar de política, religião, e outros assuntos polêmicos. Os negócios e as parcerias têm acontecido de forma muito saudável”, finaliza João.

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